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Carvalho da Biblioteca

BIODIVERSIDADE, ÁRVORES E SINGULARIDADES
Jorge Paiva
Biólogo
Centre for Functional Ecology - Science for People & the Planet. University of Coimbra

 

As árvores, por serem plantas longevas (ex. ca. 5.000 anos tem um pinheiro-da-califórnia, Pinus longaeva) são testemunhas de alterações climáticas, de alguns ecossistemas que existiram, assim como da actividade tectónica das placas da crosta terrestre. Além disso, por serem lenhosas, fossilizam melhor do que as ervas e alguns dos respectivos fósseis são, igualmente, testemunhos da história da cobertura florestal do Globo e da deriva continental.
As árvores funcionam como autênticas fábricas vivas de nutrientes, utilizando ingredientes tão simples como a água e sais minerais absorvidos através das raízes, o dióxido de carbono da atmosfera e a luz do sol como fonte de energia. Uma particularidade destas fábricas é que o seu funcionamento não provoca qualquer poluição, melhorando até a qualidade do ar que respiramos, contribuindo, assim, para a nossa saúde e bem-estar.
No entanto, estas plantas notáveis podem ter, para pessoas diferentes, significados diversos. Para os nossos antepassados, constituiu a principal fonte de alimento, de combustível, de protecção e ainda objecto de culto. Lendas como a do carvalhal de Fóloe, num planalto da Grécia, entre a Élide e a Arcádia (predominantemente de Quercus frainetto), onde se acoitavam dríades e centauros (chefiados pelo centauro Phólos) e a da figueira-dos-pagodes, considerada sagrada (Ficus religiosa) no hinduísmo e budismo, são prova da admiração que as árvores nos merecem. Alguns topónimos (ex. Castanheira de Pera, Pinhal Novo e Teixoso), patronímicos (ex. Oliveira, Carvalho e Nogueira) e até pseudónimos (ex. Miguel Torga, Constâncio de Carvalho e João de Oliveira) são, também, disso testemunho. Para o homem actual pode representar uma sombra aprazível, um elemento de adorno da paisagem, fonte de madeira, de pasta para papel, de resinas, de alimentos (ex. frutos) e de substâncias com aplicação medicinal e cosmética. Para os restantes seres vivos, as árvores fornecem alimento, abrigo e até mesmo suporte físico e alguns animais chegam até a explorar preferencialmente certas partes das árvores, estando dependentes destas para sobreviverem. Como se tudo isso não bastasse, as árvores são, dos seres vivos que se conhecem, os que atingem maiores dimensões e maior longevidade. São testemunhos vivos da história e do clima do passado.
Nas florestas, onde predominam árvores, há muita biomassa disponível para muitos seres vivos. As florestas são, pois, ecossistemas de elevadíssima biodiversidade.
Na Natureza, há árvores de enorme biomassa como, por exemplo a Gilbertiodendron maximum (Gabão), descrita em 2015, com 100 toneladas e 45 m de altura e uma Sequoiadendron giganteum (leste dos U.S.A.) com 1487 m3 de volume; altíssimas, com o máximo de 116 m de altura de uma Sequoia sempervirens (leste dos U.S.A.) e até tão baixas e atarracadas, que constituem autênticos bonsais naturais como, por exemplo, a Cyphostemma uter (Angola e Namíbia),
Além disso, muitas árvores possuem características muito singulares adaptativas aos ecossistemas e aos polinizadores e dispersores dos seus diásporos.
Por outro lado, sobre as árvores vivem muitas plantas (epífitas), como musgos, fetos, orquídeas e até arbustos, muitos animais, como mamíferos, aves, moluscos, insectos, fungos e microrganismos.
Uma árvore não é, pois, apenas um indivíduo; é um conjunto de ecossistemas. Quando se abate uma árvore, destroem-se muitos ecossistemas.

 

Biografia Dr. Jorge Paiva

DADOS BIOGRÁFICOS

 

Jorge Américo Rodrigues de Paiva, nascido em Cambondo (Angola), a 17 de Setembro de 1933, licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade de Coimbra e doutorado em Biologia pelo Departamento de Recursos Naturais e Medio Ambiente da Universidade de Vigo (Espanha), aposentado, tendo sido investigador principal no Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra, onde leccionou algumas disciplinas, tendo também leccionado, como professor convidado, na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, nos Departamentos de Biologia das Universidades de Aveiro e da Madeira, na licenciatura de Arquitectura Paisagista da Universidade Vasco da Gama de Coimbra, no Departamento de Engenharia do Ambiente do Instituto Superior de Tecnologia de Viseu e no Departamento de Recursos Naturais e Medio Ambiente da Universidade de Vigo (Espanha).
Como bolseiro do Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC) trabalhou durante três anos em Londres nos Jardins de Kew e na Secção de História Natural do Museu Britânico. Como fitotaxonomista tem percorrido a Europa, particularmente a Península Ibérica, Ilhas Macaronésicas, África, América do Sul e Ásia, tendo também já visitado a Austrália.
Pertenceu à Comissão Editorial e Redactorial da Flora Ibérica (Portugal e Espanha), da Flora de Cabo Verde e do Conspectus Florae Angolensis, assim como de algumas revistas científicas. Tem sido colaborador (estudo de alguns grupos de plantas superiores) de algumas floras africanas, como a Flora Zambesiaca (Moçambique, Malawi, Zimbabwe, Zambia e Botswana), Flora of Tropical East Africa (Quénia, Tanzania e Uganda) e Flore du Gabon. Assim, tem integrado grupos internacionais de investigadores em estudos e colheitas de material de campo, não só na Península Ibérica, como também em países africanos (Moçambique, Quénia, Seychelles, Tanzania, Zimbabwe, Angola, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe), asiáticos (Timor, Tailandia e Vietname) e americanos (Brasil e Paraguai).
Dos trabalhos de taxonomia em que colaborou como co-autor, o “Catalogue des Plantes Vasculaires du Nord du Maroc (1008 páginas em 2 volumes) foi galardoado pela OPTIMA (Organization for the Phyto-Taxonomic Investigation of the Mediterranean Area) com a Medalha de Prata, como o melhor trabalho sobre Flora Mediterrânica publicado em 2003; e como co-editor e co-autor, a “Flora Ibérica” foi galardoada pela Unión de Editoriales Universitarias Españolas, como a melhor colecção científica editada em 2007 entre as 55 Universidades Públicas Espanholas.
Como palinologista colaborou com entidades apícolas e com os Serviços de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, tendo sido distinguidos dois dos trabalhos que elaborou em colaboração com o corpo clínico desta Faculdade com o 1º Prémio da Sociedade Portuguesa de Patologia Respiratória («Boehringer Ingelheim S.P.P.R., 1979») em 1979, pelo trabalho de colaboração «Pólens e Polinose na Região Centro de Portugal) e o 1º Prémio Anual SPAIC/UCB-STALLERGENES em 1994, trabalho de colaboração "HLA e Alergia — Aplicação ao estudo da Parietaria lusitanica ".
Como ambientalista é muito conhecido pela defesa intransigente do Meio Ambiente, sendo membro activo de várias Associações e Comissões nacionais e estrangeiras. A sua actividade em defesa do Meio Ambiente foi distinguida, em 1993, com o Prémio “Nacional” da Quercus (Associação Nacional de Conservação da Natureza); em 2005, com o Prémio “Carreira” da Confederação Nacional das Associações de Defesa do Ambiente; em 2005, com o Prémio “Amigos do Prosepe” pelo Prosepe (Projecto de Sensibilização da População Escolar) e em 2001 e 2002, com as menções honrosas dos respectivos Prémios Nacionais do Ambiente “Fernando Pereira” conferidas pela Confederação Nacional das Associações de Defesa do Ambiente.
Destacamos ainda o Grande Prémio Ciência Viva Montepio 2014 e a Menção Honrosa na categoria Trabalhos de Divulgação Científica no concurso internacional Ciencia en Acción, que se realizou em julho de 2020, em Barcelona, Espanha, para o seu livro Natal Verde. 30 Anos de Postais de Jorge Paiva (edição do Exploratório - Centro de Ciência Viva de Coimbra.
Ao longo da sua atraente carreira, publicou já mais de cinco centenas de trabalhos sobre fitotaxonomia, palinologia e ambiente, sendo dos mais relevantes, a monografia (Polygalarum africanarum et madagascaiensum prodromus atque gerontogaei generis Heterosamara Kuntze, a genere Polygala L. segregati et a nobis denuo recepti, synopsis monographica in Fontqueria 50: I-VI; 1-346, tab. 1-52 ;1998) com 62 novidades fitotaxonómicas e as obras de educação ambiental A Crise Ambiental. Apocalipse ou Advento de uma Nova Idade 1: 1-36; 1998 e 2: 1-187; 2000 e A Relevância do Património Natural, edição da Câmara de Leiria e Quercus em 2002 destinadas, fundamentalmente, a apoiar os professores que se preocupam com a docência da problemática ambiental. Apresentou variadas comunicações e proferiu diversas conferências em reuniões científicas, congressos, simpósios ou acções pedagógicas (mais de 1 milhar).

 

 

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